Dubai e o Futuro do Conteúdo com IA

A revolução digital dos últimos anos quase explosivamente introduziu a era da produção de conteúdo impulsionada pela IA (inteligência artificial). Atualmente, inúmeros posts online, descrições de produtos, publicações em redes sociais e até notícias são criadas com a ajuda da inteligência artificial. Mas nós realmente lemos isso? Segundo discussões no evento Gitex Global 2025, mais da metade do conteúdo online é gerado por IA, mas menos pessoas estão clicando neles. Esse fenômeno afeta não apenas os hábitos de consumo de conteúdo, mas também tem implicações governamentais significativas — com Dubai assumindo um papel pioneiro.
O Lado Sombrio da Produção de Conteúdo por IA: Dados, Mas Não Experiência
Atualmente, 52% do conteúdo disponível em plataformas online globais é gerado por inteligência artificial, enquanto apenas 48% é criado por humanos, conforme mencionado em uma das principais discussões do painel no evento. No entanto, essa maioria estatística não se traduz em popularidade ou eficácia: os usuários estão cada vez menos inclinados a clicar nesses materiais criados por máquinas.
O cerne do problema não é a tecnologia em si, mas o fato de que o conteúdo em massa produzido por IA muitas vezes carece de sensibilidade humana, conexão contextual e o tipo de narrativa que realmente envolve o leitor. Mesmo os motores de busca não os favorecem automaticamente mais: mais algoritmos são capazes de reconhecer quando um texto é criado exclusivamente por máquinas e podem classificá-los mais abaixo nos resultados de pesquisa com base nesse critério.
Regulamentação Não Pode Esperar – Dubai Dá o Exemplo
Dubai e todo o Emirados Árabes Unidos reconheceram a necessidade urgente de respostas políticas rápidas, flexíveis e baseadas em especialistas para regulamentar a inteligência artificial. A velocidade legislativa tradicional não pode acompanhar as inovações tecnológicas, por isso uma nova abordagem foi introduzida em nível governamental.
Cada escritório federal e várias instituições governamentais de Dubai nomearam um líder responsável pela inteligência artificial. Esses chamados "chief AI officers" não são apenas responsáveis pelos desenvolvimentos internos de suas instituições, mas também participam de trocas de conhecimento globais, visitam centros tecnológicos e discutem possibilidades regulatórias com partes interessadas internacionais.
Essa abordagem vai além da simples reação. A regulamentação proativa visa estabelecer quadros apropriados antes mesmo que a proliferação tecnológica em massa cause sérios problemas éticos, sociais ou econômicos.
Superestimando a Tecnologia, Subestimando a Humanidade
O discurso sobre IA muitas vezes oscila entre dois extremos: alguns acreditam que essa tecnologia oferece soluções para todos os problemas, enquanto outros pintam visões apocalípticas de um futuro dominado pela inteligência artificial. A abordagem de Dubai transcende esses clichês. O objetivo é garantir que a regulamentação não decorra do medo ou ignorância, mas também não fique aquém da extensão necessária.
Com qualquer tecnologia, tendemos a superestimar suas capacidades de curto prazo e subestimar seus impactos de longo prazo. Isso é particularmente verdadeiro para a IA, que produz resultados imediatos e espetaculares (geração de conteúdo, análise de imagens, chatbots, etc.), ao mesmo tempo transformando gradualmente o pensamento humano, o trabalho e as interações sociais.
Por Que o Conteúdo de IA Não é Envolvente?
A resposta é simples: falta o elemento humano. Os usuários desejam não apenas informações, mas histórias, emoções, conexões. Um texto gerado por máquina que é perfeitamente estruturado, lógico, mas estéril não pode substituir aquele "algo" que uma mente humana pode infundir.
A produção de conteúdo por IA é frequentemente orientada por objetivos: SEO, conversão, respostas automáticas. Essas são importantes para o funcionamento de um sistema, mas se quisermos capturar a atenção dos usuários, devemos reintegrar a espontaneidade e a profundidade da comunicação humana.
O Que Vem a Seguir? Equilibrando Máquina e Humano
O exemplo de Dubai e dos Emirados Árabes Unidos mostra que o equilíbrio não só é possível, mas essencial. A IA é uma ferramenta valiosa, mas não uma solução final. Na produção de conteúdo — seja no marketing, serviços de notícias ou educação — a participação humana continua crucial.
O futuro pode pertencer a sistemas em que IA e humanos criem juntos: a inteligência artificial ajuda a organizar, agilizar e apoiar processos criativos, enquanto os humanos contribuem com a singularidade e a empatia que nenhum algoritmo pode replicar.
Resumo
Em Dubai, já há o reconhecimento de que a IA não é apenas uma ferramenta tecnológica, mas um fator com impactos sociais e econômicos. A regulamentação responde com conhecimento e abertura, não com medo. Inundar o mundo online com conteúdo artificial não é suficiente: qualidade, interesse e relevância continuam sendo fatores humanos.
A chave para um futuro digital verdadeiramente bem-sucedido não é a plena automação pela IA, mas sua integração significativa, responsável e centrada no humano. Dubai está apontando o caminho nessa direção — e talvez o resto do mundo siga esse exemplo.
(O artigo é baseado em uma palestra do Gitex Global 2025.)
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