UAE Revoluciona Comércio Global de Água

Água como Recurso Estratégico: Como os Emirados Árabes Unidos estão Transformando o Comércio Global de Água
À medida que a escassez de água se torna um problema cada vez mais urgente em todo o mundo, os Emirados Árabes Unidos não estão apenas se adaptando ao desafio, mas também assumindo um papel de liderança na busca de soluções. Dubai e os EAU veem a escassez de água como uma oportunidade e estão utilizando suas capacidades de infraestrutura, regulamentação e investimento para se tornarem um centro regional em tecnologia da água, dessalinização e comércio de água virtual.
Estratégia a partir da Escassez
Mais de 40 por cento da água potável dos EAU vem de água do mar dessalinizada, uma proporção globalmente notável. O país está comprometido em encontrar e desenvolver novas fontes de água. Mais de 7,3 bilhões de dirhams foram alocados para novas instalações de dessalinização e, simultaneamente, o país está se posicionando como um centro de inovação em aquatechnologia.
O recente relatório do Centro de MultiCommodities de Dubai (DMCC), O Futuro do Comércio, destaca que os Emirados Árabes Unidos não estão apenas focados em atender suas próprias necessidades, mas também se tornando um polo de reexportação, por exemplo, em água engarrafada. Em 2023, importaram mais de 94 milhões de litros de água engarrafada, principalmente da Suíça, Arábia Saudita e Turquia, e depois reexportaram parte dela para outros países na região.
Água Virtual: Uma Nova Era no Comércio
O comércio global de água não consiste apenas em remessas físicas de água. Cada vez mais, o comércio de água virtual, que envolve a importação de produtos que exigem muita água para serem produzidos (como trigo, semicondutores, alimentos ou bebidas) para conservar recursos hídricos locais e caros para outros fins, está desempenhando um papel maior.
Os Emirados Árabes Unidos, por exemplo, estão preservando suas reservas de água dessalinizada dessa forma, optando por importar produtos cuja produção é intensiva em água. Isso permite que o país utilize água potável em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, logística, indústria alimentícia ou desenvolvimento de energia verde.
De acordo com estimativas do DMCC, esses fluxos de água virtual podem aumentar cinco vezes até 2100, transformando significativamente não apenas as estratégias comerciais, mas também as relações geopolíticas.
Lacuna Financeira e Oportunidades de Solução
Enquanto os EAU investem pesadamente na gestão de água, globalmente, o mercado de água ainda está subfinanciado. De acordo com o Banco Mundial, atingir os objetivos de desenvolvimento sustentável, incluindo acesso a água limpa e serviços de saneamento, exigiria investimentos de até 7 trilhões de dólares até 2030. No entanto, os níveis de investimento atuais estão aquém em centenas de bilhões anuais, com mais de 90 por cento dos recursos provenientes do setor público.
O envolvimento do capital privado ainda é limitado. Longos períodos de retorno, regulamentos complexos e baixos rendimentos afugentam os investidores. O estudo do DMCC sugere que a chave para a solução está em reposicionar a água financeiramente: se a água se tornar um ativo negociável - como em forma tokenizada ou como um direito comercial - isso poderia encorajar o uso responsável e abrir as portas para o capital privado também.
Dubai como um Centro de Tecnologia da Água
Dubai desempenha um papel de liderança não apenas em logística comercial, mas também em inovação. A infraestrutura da cidade e do país serve como ponto de partida ideal para a distribuição global de tecnologias da indústria da água. O objetivo do país não é apenas se adaptar à escassez de água, mas se tornar um jogador definidor na entrega de soluções - seja por meio da exportação física de água, estratégias comerciais baseadas na pegada hídrica, ou estabelecendo novos padrões tecnológicos.
Resumo
A água tornou-se um dos recursos mais valiosos do século 21, e reconhecendo isso desde cedo, os EAU a abordam com uma perspectiva estratégica. A água não é apenas vital, mas cada vez mais um fator comercial, geopolítico e de inovação. Através de suas políticas hídricas, investimentos e flexibilidade regulatória, os EAU demonstram um novo modelo ao mundo sobre como a escassez pode ser transformada em virtude e liderança.
(Fonte do artigo: estudo do Centro de MultiCommodities (DMCC).)
Se você encontrar algum erro nesta página, por favor avise-nos por e-mail.