Taxas de Serviço em Dubai: Obrigação Sem Posse

Obrigação de Pagamento de Taxas de Serviço em Dubai: Pagamento Exigido Mesmo Sem Posse do Imóvel
O mercado imobiliário de Dubai é dinâmico e em constante evolução, onde as regulamentações frequentemente tentam acompanhar os novos desenvolvimentos. Uma questão controversa recorrente é o pagamento de taxas de serviço, especialmente quando o proprietário ainda não tomou posse oficial do imóvel. O Centro de Disputas de Aluguéis de Dubai esclareceu esta situação com uma decisão recente: o proprietário é obrigado a pagar os custos comunitários mesmo que o imóvel não tenha sido entregue oficialmente, particularmente se o atraso for devido à culpa do comprador.
Por que a decisão foi necessária?
Nos últimos anos, surgiram inúmeras disputas devido a desenvolvedores que não entregavam propriedades no prazo devido a atrasos dos compradores. Nesses casos, não estava claro quem deveria arcar com os custos relacionados à manutenção e operação das áreas comuns, especialmente se o título ainda não tivesse sido transferido. Essa incerteza frequentemente levava a perdas financeiras, disputas legais e impactava negativamente a estabilidade do mercado imobiliário.
No caso mais recente, foram discutidas propriedades vendidas em planos de parcelamento, onde os compradores tinham pago todas as parcelas, mas o imóvel não foi oficialmente transferido para o seu nome. Simultaneamente, o desenvolvedor mantinha a retenção da entrega citando taxas pendentes, enquanto o imóvel já estava apto para uso. Nessas situações, nem o desenvolvedor queria assumir as taxas de serviço, nem os compradores concordavam em pagá-las — criando um impasse.
O que diz a nova decisão?
O Centro de Disputas de Aluguéis de Dubai recorreu à Autoridade Geral para a Unificação de Princípios para esclarecer a questão. De acordo com a sua interpretação, a pessoa (comprador) cujo nome aparece no registro preliminar do imóvel está obrigada a pagar as taxas de serviço desde o momento em que o edifício é concluído ou a partir de quando falham em cumprir as obrigações financeiras. Esta decisão é independente de o imóvel ter sido de fato entregue ou não.
O objetivo é garantir que as áreas comuns do edifício, como elevadores, recepção, serviço de segurança, estacionamento, iluminação, piscina e outros serviços compartilhados continuem a ser mantidos ininterruptamente e que esses custos não recaiam sobre outros proprietários que pagam regularmente devido à falta de vontade de alguns compradores em pagar.
Base Legal
A interpretação está fundamentada na Lei Nº 6 de 2019, que regula a gestão de propriedades em copropriedade e a alocação de custos associados a elas. Segundo a lei, o financiamento da operação e manutenção das áreas comuns recai sobre o desenvolvedor ou o atual proprietário — dependendo de a unidade em questão ser ou não vendida. As taxas de serviço são cobradas por empresas de gestão, que garantem a operação contínua e manutenção utilizando esses fundos.
A decisão atual é significativa porque cria um precedente legal claro para situações onde o imóvel está pronto, mas a entrega é atrasada — especialmente devido à negligência do comprador.
O que isso significa para os proprietários na prática?
Sob a nova regulamentação, todo comprador deve prestar maior atenção ao cumprimento de suas obrigações financeiras no prazo, particularmente se a entrega ainda não ocorreu. Caso contrário, as taxas de serviço se acumularão e serão legalmente cobradas mais tarde, potencialmente comprometendo a entrega. É importante notar que a obrigação de pagar as taxas é independente do uso real do imóvel, portanto, não se pode alegar "ainda não me mudei" como defesa.
A decisão também oferece segurança a desenvolvedores e ocupantes proprietários existentes, garantindo que eles não sejam obrigados a arcar com as taxas de serviço perdidas devido a proprietários atrasados.
Estatísticas e Eficiência
Durante 2024, o Centro de Disputas de Aluguéis de Dubai encerrou 49.817 casos de execução relacionados à propriedade conjunta. Além disso, 443 acordos de liquidação foram aprovados no segundo trimestre, totalizando 190,7 milhões de dirhams, com um tempo médio de processamento de seis dias. Esses números demonstram a eficiência do centro em lidar com os desafios do mercado imobiliário.
Resumo
A interpretação legal recentemente anunciada é um marco significativo no mercado imobiliário de Dubai. Envia uma mensagem clara e decisiva a todos os compradores: as taxas de serviço não estão exclusivamente ligadas ao momento da posse, mas também são influenciadas por obrigações financeiras e pelo estado de prontidão da construção. Essa interpretação beneficia não apenas desenvolvedores e operadores, mas também outros proprietários, que assim não são obrigados a assumir parte dos custos comunitários para inadimplentes.
A decisão também promove a estabilidade do mercado imobiliário e contribui para operações transparentes e juridicamente seguras a longo prazo, o que serve aos interesses tanto de compradores quanto de desenvolvedores. Com isso, Dubai deu mais um passo em direção a um ambiente de mercado imobiliário mais previsível e sustentável.
(Baseado em um comunicado do Centro de Disputas de Aluguéis de Dubai.)
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