Multas Altas por Imagens de Falecidos nas Redes

Consequências Graves por Compartilhar Imagens de Falecidos nos EAU
Nos Emirados Árabes Unidos, cada vez mais atenção é dada a um fenômeno que levanta questões éticas, emocionais e legais: o compartilhamento de fotos e vídeos relacionados a mortes online — especialmente em plataformas de mídia social — sem o consentimento dos familiares afetados. Embora muitos acreditem que tais postagens expressem simpatia ou ajudem a preservar a memória do falecido, na realidade, podem constituir violações graves, causar trauma emocional significativo e resultar em multas de até centenas de milhares de dirhams.
Mais e mais famílias se queixam sobre compartilhamentos online
Nos últimos anos, surgiram vários casos em que familiares enlutados ficaram profundamente magoados por fotos e vídeos de seus entes queridos falecidos — muitas vezes em circunstâncias traumáticas — aparecerem no WhatsApp ou nas redes sociais. Esses materiais às vezes mostravam vestígios de sangue, ferimentos, veículos destruídos ou o próprio indivíduo moribundo, muitas vezes se espalhando antes que todos os membros da família fossem oficialmente informados da tragédia.
Uma mãe ficou completamente devastada quando imagens do acidente de seu filho inundaram a internet, sentindo que ninguém se importava com a dor da família. Ver as imagens repetidamente a forçou a reviver o trauma da perda, tornando mais difícil para ela processar seu luto.
A lei intervém firmemente: multas de até meio milhão de dirhams podem ser impostas
A Lei Federal de Crimes Cibernéticos dos EAU (Artigo 34 da lei de 2021) proíbe expressamente a publicação de imagens de indivíduos sem o seu consentimento. Isso também se aplica aos falecidos: como eles não podem proteger sua própria dignidade e privacidade, a lei protege os direitos de seus familiares. Sem o consentimento deles, todas essas postagens de imagens são ilegais.
De acordo com a lei, os infratores podem enfrentar multas de pelo menos 150.000 dirhams e até 500.000 dirhams, além de prisão. Se o infrator for um cidadão estrangeiro, as autoridades podem iniciar a deportação se a postagem infringir seriamente a ordem pública ou a estabilidade social.
Especialistas jurídicos enfatizam: boas intenções não isentam os indivíduos. Mesmo que alguém deseje expressar uma oração ou condolências por meio de uma postagem, legalmente, isso não o autoriza a compartilhar imagens não solicitadas da cena da morte, da sala de emergência do hospital ou de um funeral.
Processar o luto é muito mais difícil em tais circunstâncias
A questão também tem implicações psicológicas sérias. Feridas emocionais muitas vezes são mais profundas do que se pensava inicialmente. De acordo com o chefe de um centro psicológico de Dubai, é mais difícil para os familiares, especialmente crianças, processarem a morte quando encontrarem continuamente imagens documentando a tragédia.
As memórias visuais do trauma são fortes, e a visão repetida das fotos pode levar à insônia, pesadelos recorrentes, ansiedade e retraimento emocional. Em crianças, isso pode se manifestar como comportamento regressivo, como distúrbios alimentares ou problemas de atenção.
Além disso, o comportamento adulto impacta a estabilidade emocional das crianças: se os pais vivem em constante estresse, as crianças também não encontrarão paz.
Violação de privacidade, desrespeito aos valores culturais
Na cultura islâmica e nas normas sociais dos Emirados, os processos relacionados à morte são tratados com particular respeito. Um funeral, uma cena de acidente ou momentos de cuidados hospitalares não pertencem ao domínio público — especialmente não como resultado da decisão de outra pessoa.
A Lei Federal Artigo 431 proíbe expressamente a violação de privacidade, enquanto o Artigo 43 da Lei de Direitos Autorais exige permissão prévia para qualquer criação e publicação fotográfica. O Artigo 52 prevê penalidades mais severas se a postagem contiver informações enganosas ou perturbar investigações oficiais.
Na prática, isso significa que uma fotografia de um funeral, que alguém compartilha com seus conhecidos com as melhores intenções, pode ser claramente ilegal sem o consentimento da família.
Como agir legalmente?
Especialistas aconselham sempre buscar permissão de parentes próximos antes de compartilhar publicamente quaisquer fotos ou informações. Mesmo que alguém pretenda postar apenas entre amigos, deve considerar o estado mental, crenças religiosas, valores culturais e desejos pessoais da família afetada.
Se alguém encontrar conteúdo online que contenha imagens ilegais ou sensíveis, pode denunciá-lo às autoridades ou diretamente à plataforma de mídia social. De acordo com a nova lei de mídia dos EAU adotada em 2023 (Decreto Lei Federal No. 55 de 2023), as plataformas podem ser obrigadas a remover o conteúdo e até enfrentar sanções por não agirem a tempo.
Responsabilidade social e empatia
A presença nas redes sociais não dá a ninguém o direito de violar o luto dos outros ou exacerbar sua dor. Perseguir popularidade online, curtidas ou compartilhamentos não pode ser mais importante do que o luto, a privacidade ou a paz de espírito de uma família.
As leis dos EAU são claras, fornecendo não apenas um marco legal, mas também um guia ético para todos os membros da sociedade: o tempo de luto é sagrado e respeitá-lo é fundamental. Ignorar isso não só quebra a lei, mas também mina a confiança social e a empatia sobre as quais nossas comunidades são construídas.
(Fonte do artigo baseada no Artigo 44 (4) do Decreto Lei Federal No. 34 de 2021.)
Se você encontrar algum erro nesta página, por favor avise-nos por e-mail.


