Justiça dos EAU Protege Aposentados Contra Bancos

No Emirados Árabes Unidos, está crescendo a atenção em relação à regulamentação legal da relação entre instituições financeiras e seus clientes, especialmente quando os clientes se aposentaram e sua renda diminuiu significativamente. Um dos exemplos mais recentes e notáveis disso é uma decisão judicial em Abu Dhabi, onde um aposentado foi favorecido em um caso de disputa de pagamento de empréstimo. A decisão não apenas resolveu a situação do cliente de maneira satisfatória, mas também estabeleceu um precedente para casos semelhantes.
O cerne da disputa: deduções excessivas da aposentadoria
No centro do caso estava um contrato de financiamento de habitação que passou de arrendamento para propriedade, o qual o cliente assumiu no meio de 2022 para comprar uma vila no distrito de Al Rahba em Abu Dhabi. O homem pagava regularmente suas parcelas após assinar o contrato até se aposentar no final do ano. No entanto, após sua aposentadoria, o banco continuou fazendo deduções de sua aposentadoria no mesmo valor, ignorando o limite legal que determina que não mais que 30% da renda pode ser deduzida para reembolso.
Decisão do tribunal: a lei está do lado do cliente
O homem inicialmente recorreu a um tribunal inferior, que deu ganho de causa ao banco. Ele então apelou, e o tribunal de apelação de Abu Dhabi decidiu a seu favor. O tribunal concluiu que o banco violou as regulamentações do banco central e falhou em se adaptar à situação financeira modificada do cliente. De acordo com a decisão, o banco deve reestruturar a dívida pendente de tal forma que não exceda 30% da aposentadoria.
Antecedentes legais: regras rigorosas protegem aposentados
A regulamentação que sustenta a sentença baseia-se na Lei Federal dos EAU (Decreto-Lei Federal nº 14 de 2018), que descreve o quadro operacional para bancos e instituições financeiras. A lei estabelece claramente que os bancos devem verificar a capacidade de um cliente pagar antes de conceder um empréstimo e exigir garantias adequadas. Além disso, a Circular nº 9 de 2022, emitida pelo Banco Central, limita o montante das deduções mensais a 30% do salário ou aposentadoria.
Este limite se aplica a todos os tipos de empréstimos, seja seguindo princípios islâmicos ou estruturas convencionais. No entanto, o valor exato das deduções deve sempre ser ajustado ao nível de renda corrente, para que, se a aposentadoria de alguém aumentar ou diminuir posteriormente, a prestação possa ser ajustada conforme necessário.
O que alguém em uma situação similar pode fazer?
A decisão de Abu Dhabi também destaca o que os clientes podem fazer caso seu banco deduza mais do que o permitido. O primeiro passo é apresentar uma reclamação por escrito ao próprio banco, notificando também o Banco Central dos EAU. Se uma solução satisfatória não for alcançada, a melhor solução é buscar uma ação legal com a ajuda de um advogado ou escritório jurídico.
O tribunal deixou claro que, uma vez que uma sentença final seja alcançada em tal caso, os bancos são legalmente obrigados a cumprir. Eles não podem continuar com deduções excessivas, mesmo que o acordo original afirme o contrário. Advogados enfatizaram que a decisão judicial não se aplica apenas ao cliente específico, mas também é um precedente que pode ser citado em todos os casos semelhantes.
Precedente e Responsabilidade das Instituições Financeiras
A sentença é significativa, pois o tribunal afirmou que circulares do Banco Central não podem anular leis federais e a constituição. Isso é importante porque alguns bancos anteriormente tendiam a desconsiderar obrigações legais mais profundas citando circulares.
A decisão de apelação não apenas proporciona justiça para o cliente específico, mas também define uma direção para os participantes do setor financeiro, priorizando a responsabilidade social e a centralidade no cliente. De acordo com o tribunal, os bancos não devem apenas fornecer condições justas de pagamento no momento da assinatura do contrato, mas também quando o cliente passa por uma mudança de vida significativa, como se aposentar.
Efeitos a longo prazo da decisão
Embora o banco ainda tenha 30 dias para recorrer ao tribunal superior (Tribunal de Cassação), a decisão atual já está tendo um impacto notável nos processos internos das instituições financeiras. Espera-se que os bancos revisem seus protocolos internos e prestem mais atenção à revisão regular dos cronogramas de pagamento, especialmente para clientes cuja renda diminuiu.
A decisão reforça a segurança jurídica e a proteção dos aposentados nos EAU, onde a sociedade está se tornando cada vez mais consciente de suas possibilidades financeiras e legais. Mais clientes estão dispostos a defender seus interesses se se sentirem prejudicados, e essa decisão judicial pode promover ainda mais essa mudança de mentalidade.
Resumo
A decisão do tribunal de apelação de Abu Dhabi envia uma mensagem clara: as práticas bancárias devem ser baseadas na lei, não apenas em regulamentos internos. O caso ilustra que a justiça pode proteger clientes vulneráveis e equilibrar os interesses do setor financeiro e dos indivíduos. Proteger aposentados não é apenas uma obrigação moral, mas legal, e agora há um precedente judicial para isso nos EAU.
(O artigo é baseado na decisão do tribunal de apelação de Abu Dhabi.)
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